Sites Grátis no Comunidades.net

 Laboratório Lapd Dental


Rating: 2.9/5 (137 votos)









Total de visitas: 19160
Desinfecção e Esterelização

Desinfecção e Esterilização de Materiais de Moldagens


Introdução

Com a propagação da AIDS, pesquisadores e clínicos têm se preocupado mais com desinfecção e esterilização, tanto de instrumentais quanto de materiais. Em função disto, há necessidade de se prevenir a contaminação cruzada, tanto em consultórios como em laboratórios. A mesma importância deve ser dada para a prevenção de outras doenças como a Tuberculose quanto a Hepatite B (HBV), sendo a última mais transmissível, especialmente por estar presente na saliva e em alta concentração no sangue.

De acordo com as considerações da A.D.A (1992), a distinção entre esterilização e desinfecção é a seguinte:

- Esterilização é um processo em que toda as formas de microorganismos, incluindo vírus, bactérias, fungos e esporos, são completamente destruídos. É utilizada para garantir o uso seguro de instrumentais em procedimentos invasivos.

- Desinfecção é um processo menos letal que a esterilização, eliminando praticamente todos os microorganismos patogênicos reconhecidos, mas não necessariamente todas as formas microbianas (esporos), sendo indicada para submeter artigos e superfícies, quando estes forem de uso em múltiplos pacientes.

Desinfecção e esterilização de instrumentais, equipamentos e superfícies

Todo instrumental utilizado em pacientes deve ser submetido à descontaminação (desinfecção ou esterilização), lavagem com desencrostante, enxágüe e esterilização ou desinfecção posterior.

O procedimento indicado para desinfecção de instrumentais é a imersão por 30 minutos em:

- Solução de Hipoclorito de Sódio a 1% ou
- Solução Álcool Etílico a 70% ou
- Solução de Glutaraldeído a 2% ou
- Água em ebulição por 15 min, depois lavar, remover resíduos, secar e esterilizar.

Já a esterilização pode ser feita através de:

- Estufa
- Autoclave
- Agentes Químicos

Desinfecção e esterilização de materiais de moldagem

Após a remoção do molde, verifica-se a presença de saliva e sangue em sua superfície. Estes moldes devem, devem ser considerados de potencial contaminação, sendo, portanto, imprescindível que, após a lavagem da impressão em água corrente, seja feita a sua desinfecção, que pode ser realizada com uma variedade de desinfectantes, mas cada um tem indicações próprias.

Clinicamente, esterilização/Desinfecção podem ser classificados em 3 categorias, de acordo com OWEN et al. (1993):

1. Desinfectantes de alto grau: são capazes de inativar esporos e toda a forma de microorganismo. Ex: Gás de óxido de etileno e Glutaraldeído a 2%. 2. Desinfectantes de grau intermediário: não inativam os esporos, mas destroem, por exemplo, o bacilo da tuberculose. Ex: Formaldeído, Composto de Cloro, Fenólicos, Álcoois e Iodofórmio.
3. DEsinfectantes de baixo grau: incluem compostos de amônia quaternário, fenóis simples e detergentes. Estes são inaceitáveis para desinfecção de impressões contaminadas. Soluções utilizadas para a desinfecção dos moldes podem afetar potencialmente as qualidades de impressão do material, alterando os detalhes de superfície, estabilidade dimensional e alteração dimensional.

Revisão de Literatura

Desinfecção/Esterilização

BORNEFF et al. (1983) demonstraram que Estafilococos aureus, Escherichia coli e Cândida podem sobreviver na impressão de alginato. Impressões com siliconas são contaminadas com Pseudomonas, Estafilococos aureus, Viridans e Candida. Todos esses microorganismos sobrevivem nesta impressão.

De acordo com LEUNG et al. (1983), os microorganismos são transferidos através do alginato para o modelo de gesso. No entanto, relatam que não há estudos publicados mostrando que Hepatite ou o vírus da AIDS podem ser transmitidos via impressão, mas que estes estudos devem ser usados como justificativa para premissa de que impressões podem transmitir patogênicos. Conseqüentemente, é essencial analisar procedimentos de desinfecção que irão inativar os microorganismos, mas que não afetarão o material de impressão em si.

O Guia da A.D.A (1987) demonstra que existem 32 produtos comerciais com efetiva ação desinfectante ou esterilizante para uso odontológico, expondo um impressão em solução desinfectante por Spray ou imersão após enxaguá-la. Imersão é o método mais recomendado pela A.D.A.

Segundo WATKINSON (1989) o HIV é inativado por breve exposição ao glutaraldeído, hipoclorito de sódio e clorexidina. Já o HBV é mas resistente que o HIV e necessita de desinfectante de graus intermediário e alto, não sendo destruído pela clorexidina.

Já BERGMAN (1989) relatou algumas desvantagens dos desinfectantes como: odor (glutaraldeído e clorexidina tem odor desagradável); irritação (alguns indivíduos são sensíveis ao glutaraldeído e clorexidina,podendo irritar as mãos).

De acordo com a A.D.A (1992), existem desinfectantes que requerem mais que 30 minutos para desinfecção, sendo a imersão o método mais recomendado e efetivo, desde que todas as superfícies da impressão sejam expostas ao desinfectante.

Soluções Desinfectantes

A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (1973) recomendou 1 hora de imersão para o uso de Glutaraldeído a 2% ou Solução de Hipoclorito de Sódio a 15.

Já SIEBERT & BRENTZ (1982) relataram que a imersão em Hipoclorito de Sódio por 10 minutos tem efeitos extremamente negativos para Hidrocolóides irreversíveis.
BERGMAN (1989) demonstrou quais materiais eram compatíveis com a imersão por 1 hora no glutaraldeído alcalino a 2%. Os materiais considerados compatíveis são: OZE, Siliconas, Polissulfetos. Relatou, ainda, que o alumínio inativa o hipoclorito e o hipoclorito corrói o alumínio. Por essa razão, impressões feitas em moldeiras de alumínio não podem ser usadas se o procedimento de desinfecção utlizar hipoclorito.

De acordo com OWEN (1993), pela exposição em glutaraldeído em 2% por 10 minutos consegue-se desinfectar; mas para a esterilização é necessário a imersão por 10 horas. Recomenda, também, armazenar moldagens em pequeno períodos de tempo, quando em ambiente 100% úmido. Relata, ainda, que glutaraldeído por pulverização podem ser tóxicos quando em contato com o ar. Preconizou o uso de glutaraldeído ácido ou alcalino - o neutro altera a superfície dos materiais.

O MINISTÉRIO DA SAÚDE (1994) afirmou que o glutaraldeído a 2% é o desinfectante mais adequado para desinfecção de metais. E que o Hipoclorito de Sódio promove ação corrosiva nos metais, de efeito cumulativo. Para moldes e modelos de trabalho, deve-se realizar lavagem prévia e descontaminação, sendo os desinfectantes mais indicados o Hipoclorito de Sódio a 1% e o Glutaraldeído a 2%, por imersão ou fricção.

Materiais de Moldagem

- ÓXIDO DE Zinco e Eugenal

A esse respeito, STORER et al. (1981) fizeram algumas considerações demonstrando que impressões com OZE foram compatíveis com o número de soluções desinfectantes, incluindo o Glutaraldeído, Formaldeído e Clorexidina. Entretanto, descobriram que a solução de Hipoclorito pode ser destrutiva. OLSSON (1982) afirmou o mesmo que STORER a respeito do OZE.

O Guia da A.D.A (1992) relatou que OZE não são afetadas pela imersão em Glutaraldeído , Iodofórmio, Clorexidina e Formaldeído, mas não devem ser imersos no Hipoclorito a 1%.

- Hidrocolóides Reversíveis

OLSSON (1982) determinou que o desinfectantes, por si só, não afetam os materiais tipo ágar, mas a água da solução provocou mudança de registro. Portanto, não é recomendado para desinfecção por imersão.

MINAGI et al (1986) descobriram que a imersão de materiais de ágar por 1 hora, usando solução desinfectante, foi deletéria para a estabilidade dimensional.

POWELL et al. (1987) mostraram que hidrocolóides reversíveis dão suporte ao crescimento de microorganismo. Então, recomendam o uso de desinfectante Iodofórmio para prevenir o crescimento de microorganismos.

- Hidrocolóides Irreversíveis

SIEBERT & BRETZ (1982) relataram que imersão em Hipoclorito de Sódio por 10 minutos tem efeitos extremamente negativos para os hidrocolóides irreversíveis.

MUSIL et al. (1983) afirmaram que a desinfecção de alginatos usando vapor de ácido paracético por 1 minuto mostrou-se eficiente e não produziu alterações na impressão, mas não é de fácil manipulação para prática diária.

THOMAS et al. (1986) apresentaram resultados indicando que imersão, por períodos de 30 minutos, da impressão de alginatos, parece compatíveis com soluções desinfectantes como Hipoclorito de Sódio, Glutaraldeído e Clorexidina.

Após estudos, BERGMAN et al. (1985) relataram que método por spray foi compatível com alginato e produziu resultados clinicamente aceitáveis. Entretanto, o método por spray não é recomendado para efetiva desinfecção do HBV e HIV.

TULLNE et al. (1988) relataram imersão dos Hidrocolóides irreversíveis, por 15 minutos, no Glutaraldeído e Iodofórmio. Impressões de alginato imersas por mais de 30 minutos são compatíveis com as soluções desinfectantes que recomendam o tempo de 1 hora. Em 1988, relataram, após estudos, que existem diferentes interações entre Hipoclorito de Sódio e Hidrocolóides irreversíveis.

OWEN (1993) relatou, após estudos, que a água usada para diluir os Hidrocolóides Irreversíveis pode causar instabilidade dimensional da moldagem.

- Polissulfetos

STORER et al. (1981) concluíram que polissulfetos são compatíveis com várias soluções desinfectantes (Ex: Permlatic é compatível com Glutaraldeído e Hipoclorito) e o tempo de exposição recomendado é de 1 hora.

O Guia da A.D.A (1992), em relação aos Polissulfetos e Siliconas, afirma que apresentam relativa estabilidade e podem ser desinfectados por imersão pela maioria do desinfectantes.

- Siliconas

BERGMAN (1989) relatou baixar instabilidade dimensional para siliconas de adição e condensação imersas, por 10 minutos, em Glutaraldeído não-neutro e não-diluído.

OWEN (1993) afirmou que as siliconas são as que sofrem menores alterações. Portanto, impressões, esses são os materiais recomendados para tal.

- Poliéteres

BELL et al. (1976) afirmaram que os poliéteres são instáveis em meio altamente úmido (é aceitável umidade de 31 a 61%). Portanto, não devem ser usados em caso que necessitem esterilização. Em seus estudos, demonstraram que os poliéteres sofrem expansão quando imersos em Glutaraldeído ácido ou alcalino por 5 horas.

HERRERA et al. (1986) mostraram resultados conflitantes em relação aos Poliéteres, que mostraram instabilidades em soluções aquosas. Parece provável que são compatíveis com soluções desinfectantes por 1 hora.

- Materiais Plásticos

OWEN (1993) afirmou serem estes materiais inafetáveis pelo Glutaraldeído e FORMAldeído e afetáveis pelo Hipoclorito.

Conclusão

A respeito das considerações feitas pelos diversos autores, observamos a importância da Desinfecção dos materiais de impressão em virtude da persistência de bactérias e fungos na superfície destas.

Basicamente, todas as impressões e modelos de gesso podem ser desinfectados pelo Glutaraldeído a 2% (ácido ou alcalino), antes de serem enviados ao laboratório , e todos os técnicos devem ser estimulados a usar luvas durante a manipulação destes.

Quanto aos vírus HIV e HBV, estes são inativados pelo glutaraldeído a 2% e hipoclorito de sódio a 1%. Entretanto, este microorganismo pode ser mais resistente, não é destruído pela clorexidina a 0,5%.

Uma ressalva importante sobre os hidrocolóides irreversíveis é que estes não devem ser desinfectados pelo hipoclorito de sódio através do método de imersão, visto que este provoca efeitos deletérios na superfície da impressão.

Os únicos materiais que podem ser esterilizados são as siliconas,principalmente as de adição, e esta esterilização deve ser feita com glutaraldeído a 2%, observando que uma absoluta necessidade de esterilização se dá frente a pacientes suspeitos ou portadores de HIV ou HBV.

Mais ênfase deve ser dada a este assunto, principalmente nos currículos escolares de graduação, formando, desta maneira, profissionais criteriosos quanto à sua proteção , de sua equipe e de seus pacientes.

PCL - Revista Brasileira de Prótese Clínica & Laboratorial, Edição Bimestral - v.3 - nº 14 - Jul./Ago.2001